Valeu a nossa luta! Foi autorizada a retomada da fábrica estatal de chips Ceitec, o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada, que fica em Porto Alegre. A decisão está garantida por decreto assinado pelo presidente Lula e publicado em edição extra do Diário Oficial da União. O prazo para o “ok” presidencial terminaria na sexta-feira (10), quando, agora, será feita uma assembleia, na qual a reversão da extinção da empresa será oficializada e serão definidos os novos integrantes do conselho fiscal para atuação por dois anos.
A importância da reativação da Ceitec para o processo de inovação e domínio tecnológico na formulação da nova política industrial brasileira havia sido discutida em audiência pública proposta pelo deputado Heitor Shuch na Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara. “Essa medida permite a retomada das operações da Ceitec. Precisamos agora unir esforços para garantir os investimentos necessários e elaborar um novo plano de negócios para a empresa”, afirma Schuch.
Na audiência, a primeira da Comissão este ano, o presidente do Ceitec , Augusto César Gadelha Vieira, fez um relato detalhado sobre a infraestrutura da estatal, desde sua criação, o potencial tecnológico e os desafios a serem enfrentados. Vinculada ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI) e criada em 2008, a Ceitec desenvolve e fabrica semicondutores. No governo anterior, a empresa foi incluída em programa para ser privatizada. Como não houve interesse, um decreto autorizou a sua extinção em 2020, que passou a ser questionada após a crise mundial de falta de chips, ocorrida na pandemia. Em janeiro de 2023, o governo Lula a retirou da lista de desestatização e criou um grupo de trabalho para analisar a reversão do processo de liquidação.
A fábrica está sem produzir há dois anos e oito meses. Em processo de liquidação, não pôde operar. Gadelha Vieira, garante, porém, que a estrutura segue apta, pois usa as máquinas para deixá-las “aquecidas”. O quadro de funcionários precisará ser recomposto, pois sobraram 70 dos 180. Isso já se discute com o governo federal, podendo ocorrer por concursos ou contratações temporárias.
“Acreditamos no trabalho sério desse grupo e nos colocamos à disposição do que for necessário para ajudar nesse processo. Não existe inovação tecnologia sem a presença forte do Estado, que deve ser responsável pelas políticas públicas de apoio, como acontece em todos os países do chamado primeiro mundo”, afirma Schuch.