Foi o que disse na última semana o Banco Central do Brasil, após encerrar mais uma reunião do Copom que manteve uma das taxas de juros real mais altas do planeta, 13,75% ao ano, e o mais grave: sem nenhum indicativo de redução para os próximos meses. O Copom – Conselho de Política Monetária do Banco Central – é composto por oito diretores mais o presidente do Banco Central, com mandato de quatro anos que não coincide com o mandato do presidente da República. Portanto, em função da autonomia dada pelo Congresso Nacional ao Banco Central, o Poder Executivo não tem qualquer influência sobre a fixação da taxa de juros.
Muito além da questão do controle da inflação, que precisa ser mantida dentro das metas para a classe trabalhadora não ser atingida de cheio com a elevação de preços, estão os interesses dos rentistas. Quanto maior a Selic, maiores seus ganhos. Aliás, 79% da classe trabalhadora tem renda de até três salários-mínimos. As micro e pequenas empresas correspondem a 99% do total de empresas deste país, gerando 72% dos empregos. Esta maioria da população é a mais atingida pelos juros altos!
O setor da construção civil, maior empregador de mão de obra da economia, está a passos lentos, vemos todos os dias o fechamento de fábricas e de lojas em todos os setores, o subemprego se apresentando como única alternativa para milhões de pessoas, juros altos fecham portas para a maioria. Um dos argumentos dos defensores dos juros altos é que o Brasil passou a atrair dólares de outras partes do mundo em busca por maior rentabilidade. A pergunta é: quem e quantos tem milhares de dólares para investir neste “Cassino Global” que se tornou a economia? Alguns ganham muito dinheiro com a especulação, enquanto os setores empresarial, de indústria, comércio e serviços estão amarrados para poder fazer novos investimentos, em muitos casos com muita dificuldade para manter os seus negócios.
Como deputado continuo denunciado e cobrando a necessidade de uma auditoria da dívida pública, que consome em torno de 50% do orçamento geral da união, e que está diretamente relacionado com ao tamanho da taxa Selic. O Brasil precisa voltar a crescer. E já passou da hora de a taxa de juros ser reduzida.