Todos nós somos livres para, dentro dos limites da lei, decidir o rumo das nossas vidas. Temos o direito de escolher o time pelo qual torcemos, o partido em que votamos e a religião que seguimos. Mas o que não podemos aceitar, jamais, é que algumas escolhas levem o nosso país à ruína econômica, e que ainda se aplauda o intervencionismo estrangeiro que destrói a nossa arrecadação e elimina empregos!
O segundo semestre legislativo começa com um alerta claro e urgente: o tarifaço anunciado pelos Estados Unidos contra as exportações brasileiras é uma agressão econômica direta ao Brasil. E o mais lamentável é ver conterrâneos nossos tratando esse ataque com naturalidade ou, pior ainda, com simpatia.
A taxação de até 50% sobre produtos brasileiros por decisão do governo Trump é uma medida protecionista e arbitrária, que compromete a competitividade das nossas empresas, coloca empregos em risco e ameaça a arrecadação de municípios, estados e União. É, sobretudo, uma demonstração de desrespeito com o Brasil como parceiro comercial.
Diante disso, me indigna ver certos brasileiros aplaudindo essas decisões como se fossem lições de moral ou gestos de coragem política. Meu sentimento é que há, infelizmente, quem goste mais dos americanos do que do Brasil. Não se preocupam com as empresas nacionais, com os trabalhadores brasileiros nem com as divisas que as exportações geram para a nossa economia.
O Rio Grande do Sul, meu Estado, está entre os mais prejudicados. Somos um Estado exportador, com forte presença nos mercados internacionais. A imposição dessas tarifas ameaça diretamente nossos produtores e indústrias. O prejuízo está à porta e não é exagero dizer que, se nada for feito, poderá faltar matéria-prima para a indústria nacional, com reflexos em toda a cadeia produtiva.
É verdade que uma lista de 694 exceções anunciada pelo governo norte-americano atenua parte do impacto. Ficaram de fora produtos como aviões civis, helicópteros, peças aeronáuticas, celulose, móveis de madeira, cobre e alumínio. Mas essa lista não cobre tudo. E os setores que continuam afetados estão apreensivos, como é o caso da cadeia do café, dos pescados e do cacau. Em alguns desses casos, como o do café, a dificuldade de encontrar mercados alternativos é enorme, não se troca um mercado como o americano da noite para o dia.
Por isso, é fundamental que tratemos essa questão com a seriedade que ela exige. A reação do Brasil precisa ser firme, diplomática e estratégica. Não se trata apenas de defender exportadores ou empresários; trata-se de proteger empregos, renda e o futuro econômico do país.
E aqui deixo um apelo claro: este não é o momento para antipatriotismo. Quem torce contra o Brasil, especialmente diante de uma agressão econômica como essa, está contribuindo para fragilizar ainda mais a economia nacional e o futuro de milhões de brasileiros. Não podemos admitir que disputas ideológicas internas nos impeçam de agir com unidade e firmeza em defesa dos nossos interesses.
O Congresso Nacional tem grandes desafios pela frente: a Lei Orçamentária de 2026, a securitização das dívidas públicas, o acordo Mercosul-União Europeia, entre outros projetos estratégicos. Mas nada pode ser mais urgente, agora, do que garantir que o Brasil não seja penalizado injustamente por medidas que vêm de fora e, pior, com o aval silencioso de quem deveria defender a pátria.
Defender o Brasil não é slogan, é responsabilidade.
Por Heitor Schuch – Deputado Federal (PSB/RS)